"mundo"

Será que você poderia me explicar porque pra mim é tão difícil me expressar?
Se eu sempre fui a menina que mais dizia, a menina que mais falava e falava.
Se as palavras simplesmente surgiam pra mim sem qualquer esforço.
Porque quando se trata de você as palavras insistem em me escapar?
Porque quando você me pergunta algo eu mesma me perco na minha resposta e concluo com um: É... sei lá.
Mas quer saber? O "porque" que mais me intriga é o daquela pergunta que eu vivo te fazendo.
"Porque você me mudou tanto? Como você conseguiu transformar a menina em mulher com tanta e tanta facilidade?"
E você sempre me responde: "Quando você me fala essas coisas eu sinto algo dentro de mim que eu nunca senti. Eu me sinto uma criança perto de você."
E como se engana em me falar tais coisas.
Se de menina, sou mulher agora, no meio do meu amadurecimento existe uma criança aprendendo nesse "mundo novo".
E se me permite descrever tal mundo, posso dizer que há muitas estrelas. Há muita luz e há também aquele friozinho na barriga, aquele medinho — que por menor que seja (já que minha confiança cresceu tanto) as vezes chega a me rondar.
Se por tanto tempo viajei por outros lugares, por outros "mundos", agora sua "força de gravidade" me prende aqui no chão.
E de onde estou parada posso contemplar o céu. Se me movo sou seguida pelas estrelas, e se me perco sempre tem aquela estrela que me mostra a direção.
Pra onde vou não sei, mas continuo a seguir o caminho de pedrinhas douradas, de grama verde e de um azul infinito em cima de mim.
Não temo meu destino, pois se ele foi bom o bastante pra te jogar na minha vida, ele será bom o bastante pra me manter a mulher forte que virei.