quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

O cheiro

Invadia o quarto de Paula, pela janela. Uma única frestinha entre as cortinas vermelhas, pesadas, servia como um portal para o cheiro que Paula conhecia tão bem.
Ela se levantou da cama lentamente e caminhou até a janela na esperança de que se afastasse as cortinas para poder ter uma visão ampla do solo lá embaixo, ela consegueria encontrar ele parado, olhando para a janela com aquele sorriso tão conhecido nos lábios — fitando-a.
Mas como todas as outras vezes o cheiro nada mais era que algo que sua mente criara — por desejar tanto aquilo, Paula começara a criar tudo tão psicologicamente que parecia real.
Paula sabia que ele não iria voltar, e ela na verdade nem o queria de volta — seu último bilhete havia destruido o que restava de Paula. Seus nobres sentimentos, seu amor puro e doce fora derretido, queimado e jogado aos ventos pela desesperança e dor.
Paula mal voltara a enxer seus pulmões de ar, e já os sentia vazios novamente.
Faltava algo... Faltava algo e Paula iria buscar isso.

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