segunda-feira, 4 de maio de 2009

A 'senhora' destino, parte cinco.

A dor parecia se alastrar por meu corpo inteiro. Fui escorregando da cadeira, como se alguém à tivesse inclinado para baixo, me forçando a tocar os joelhos no chão gelado e sujo, depois uma de minhas mãos tocava o chão, enquanto a outra tentava segurar a dor que saia do meu peito — mais parecia como se algo quisesse sair de dentro de mim.
Parecia que tudo estava girando, eu sentia como se fosse desmaiar, mas eu sabia que era ilusão, que não me dariam esse gostinho gostoso.
Tentei me focar nas figuras estranhas que estavam do meu lado, um sentimento pior que o outro, uma sensação pior que a outra. E tudo girava, e girava. Lembranças máscaradas passavam em minha mente e eu podia sentir a dor se intensificando.
A senhora se pois do meu lado e falou: "Você tem que ser forte querida, ou o sofrimento pode te levar para o fundo."
Ao falar isso minha cabeça automaticamente virou para o lado, e então pude enxergar, era ele, o sofrimento.
Ele me olhou diferente do modo que todos me olharam, ele não sorriu pra mim, não parecia estar feliz por me ver do jeito que eu estava. Ele estava sofrendo por isso.
Sua pêle era escura, seu cabelo bem curto, quase careca, usava uma roupa vermelha como o sangue. Tinha um óculos de meia lua apoiado somente no nariz grande e curvado.
Abaixou perto de mim e, com lágrimas nos olhos, me falou: "Eu sei o que está sentindo agora, sei como dá a sensação de estar rasgada, a sensação de perder tudo de dentro de você, sei como é apavorante, sei como é terrivel."
Lágrimas rompiam dos meus olhos a cada palavra dita, que fazia com que a dor ficasse mais aguda do que antes.
"Eu não aguento mais isso, eu não aguento mais essa dor, eu não aguento mais nada do que está ao meu redor. Essa sensações, essas dores." Disse entre soluços.
O desespero, a traição, a decepção, o destino e o sofrimento se sentaram. Ao tocar nas cadeiras imundas elas se limparam, o que dava ao ônibus uma aparencia mais ajeitada, mais confortável.
Talvez eu já estivesse me acostumando com a dor, ela era tão forte e tão intensa que era como se ela sempre já estivesse dentro de mim, fazendo com que eu me acostumasse agora, enfim.

[...]

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