quarta-feira, 6 de maio de 2009

A 'senhora' destino, parte nove.

Dedico essa capítulo, à pessoa mais incrível que eu já tive o prazer de conhecer. À mulher, à amiga, à aquela que não importa o quão ruim o tempo esteja, ela vai estar sorrindo pra você e esperando um abraço seu. Dedico essa capítulo à você Sheila Alves.

"Não vou sentir medo, não vou sentir medo" — as palavras, repetidamente, em minha cabeça faziam com que a sensação de medo fosse embora.
Estranhamente me senti calma, inteira, não curada, mas perfeita.
Olhei ao meu redor e somente a coragem, a mudança, a inteligência e o destino estavam lá.
— Para onde foram os outros? — perguntei.
A senhora olhou pra mim sorrindo e disse: — Eles não precisavam mais ficar aqui, não há mais desespero, nem decepção, nem traição e nem sofrimento aqui. Eles partiram.
Fiquei completamente incrédula. Como assim? — pensei.
— Olhe! — a mudança apontou para a frente do ônibus, onde tudo que antes era imundo e nojento estava agora limpo e confortável.
Olhei para onde apontava a mudança e meus olhos se arregalavam. Ela era linda.
Usava um vestido longo, que parecia voar mesmo sem vento. Seus cabelos batiam um pouco abaixo do ombro, e tinham um tom castanho meio ruivo. Sua boca era pequena, mas escondia dentes lindos e um sorriso perfeito. Seus olhos de uma cor que eu não conseguia definir, mas eram olhos intensos, que demonstravam felicidade.
Eu sabia quem ela era, era a esperança.
Ela foi se aproximando de mim, com o sorriso entre os lábios pequenos, com os braços abertos vindo em minha direção. Eu queria abraça-la bem forte, e foi isso que fiz.
Ela se aproximou de mim, mandando pra longe toda sujeira do ambiente, todo o desconforto. As feridas em mim, não curadas, mas começavam a se cicatrizar, como mágica.
— Que bom que você chegou. — eu disse para ela.
— Eu sempre estive aqui, você só não conseguia me enxergar. — ela me respondeu.
— Eu estava tão rodiada de tantas sensações que não conseguia enxergar nada mais além da dor. — disse triste.
— O problema não era a dor pequena, o problema é que você estava pensando apenas nas coisas ruins e se esquecendo dos momentos bons. Dos momentos onde você era você.
Você deve manter os momentos bons, as pessoas boas como fotografias em você, para quando estiver na escuridão, ou rodiada de sensações ruins — como você estava — você sempre ter algo para sorrir, para lembrar e criar coragem e forças. — disse a esperança
Fiquei apenas em silêncio, ouvindo tudo que ela tinha pra falar.
Retomou: — As vezes, pequena, nós ficamos tão desesperados, tão decepcionados, que acabamos nos tornando algo que não somos. E então nosso mundo cai, nossa vida perde o rumo, ela para. E então, tudo que tinhamos de bom se afasta de nós, como se fossemos repelentes, e quanto mais próximo você tenta chegar, mais você afasta, simplesmente porque não é você, e sim outra pessoa, outra coisa. E então, quando você se dá conta, quando você percebe isso, quando você começa a enxergar as coisas boas que ficaram, você começa a voltar a ser você. Você começa a voltar a ser você, Camila. E somente assim você conseguirá trazer as coisas de volta, de onde elas nunca deveriam ter saido, mas sairam graças a você, ou ao que você tinha se tornado.
Eu estava completamente incrédula com as palavras. Eu realmente me sentia assim, não era eu. E agora eu finalmente podia me sentir, eu podia olhar no reflexo do vidro e me ver. Ver a Camila. Aquela que sorri, aquela que traz alegria e paz, e não aquela que afasta tudo e todos, aquela que trás mágoas e discórdia.
— Eu voltei. — disse com uma expressão de abismada.
— Eu voltei a ser EU. — lágrimas de felicidade rompiam de meu rosto, juntamente com sorrisos sinceros.
A senhora destino sorria. A coragem endireitava sua coluna, colocava suas mãos apoiadas em sua cintura e sorria com o canto da boca. A inteligencia se sentava em uma das cadeiras agora limpas e fazia um gesto de aceitação com a cabeça. A mudança quase chorou de alegria. E a esperança me abraçava fortemente.
— Obrigada. Obrigada mesmo. — eu disse.
— Você não precisa me agradecer, você precisa continuar assim. Você precisa ser a Camila que todos gostam. — ela disse enquanto me abraçava.
— Eu sei. Obrigada. — conclui.
Ela me soltou, então olhei para fora da janela pela primeira vez nessa viagem, e sorri pra noite escura e estrelada.
Eu estava viva. Eu era EU.

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