domingo, 3 de maio de 2009

A 'senhora' destino, parte três.

Embora sua feição maléfica tenha desaparecido do seu rosto, a dor não passava. Continuava rasgando cada mínima célula do meu corpo, cada mínimo ponto de esperança e felicidade.
Por um momento me senti um estrela solitária, no meio de uma imensidão azul e escura, e sem ninguém por perto.
A senhora levantou de seu banco, andou até à mim e colocou sua mão enrrugada em meu ombro: "Não chores querida, as vezes a decepção vem pra nos curar e não para nos causar transtorno."
"E-eu n-não se-ei se quero ser curada." Disse com vergonha de mim mesma.
"Eis meu ponto pequena criatura, quanto mais perto eu ficar de você, mais coragem você terá para tudo, ou mais covarde se tornará, mas isso depende apenas de você." Disse a decepção.
"E-ee se eu tiver medo de perder as esperanças?" Perguntei.
"Não sei se não reparou querida, mas a esperança não está aqui com você agora." Disse a senhora.
Olhei ao meu redor e era verdade, não tinha ninguém lá, além do destino e da decepção. Os bancos continuavam sujos e vazios.
Assim, quando comecei a respirar ofegantemente, uma nova figura apareceu bem ao meu lado: O desespero.
Era uma mulher alta e estupidamente magra, seus ossos do rosto eram visiveis debaixo da pêle cor de leite. Seus cabelos escuros e despentiados caiam sobre seu rosto. Os olhos escuros eram apavorantes e os dentes meio afiados me causava frio na espinha.
"O-o-o-lááá, sou o desespero" Disse euforicamente para mim.
Notava-se que era uma mulher muito agitada, completamente.... Desesperada.
Não tive coragem de responder: "Será que eu vou ficar parecida com ela?" Fiz essa pergunta mentalmente.
"Sinto a agonia vindo de você, sinto seu desespero, seu medo, porque temes tanto?" Perguntou ela.
"Talvez eu tenha medo de deixar o amor morrer." Respondi friamente.
"Que-querida, o amor só morre quando o tempo acaba, e pelo que posso ver o ônibus não está mais parado." Disse ela.
Era verdade, o ônibus não estava mais parado, talvez eu nem tenha percebido quando ele começou a andar. Só sabia que a dor rasgante ainda estava dentro de mim, e agora, juntamente com o desespero, chegava a me causar um leve mal estar.
"Eu não sei se acredito nisso." Respondi.
"Não precisa acreditar, a nossa Senhora vai mostrar-te quando for a hora." Disse ela sorrindo com seus dentes meio afiados.


[.....]

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